Esse é um artigo
produzido e originário de Oliveira,
Fernando Henrique, em Oliveira (Descendência - Origem).
Origens Judaicas da Família Oliveira
A família
Oliveira era classificada no estudo genealógico-judaico como de comprovada
origem judaica. Antes da inquisição a família “de Oliveira” era conhecida na
Espanha como “Benveniste”, que adquiriu durante o domínio muçulmano, mas antes
dos islamitas conquistarem a península Ibérica ela era chamada de “ha-Levi” ou
de “ha-Itshari”, por ter sido esse o nome do fundador da mesma.
O fundador
da família Oliveira (em Portugal, acréscimo nosso) foi o rabino Rabi Abraham
Benveniste que nasceu em 1433, na cidade de Soria, na província de Cáceres, no
Reino da Espanha. Ele era descendente direto do Rabi Zerahiá ben-Its’haq
ha-Levi e Gerona, que viveu no século 12 e era chamado ha-Its'hari, ou de
Its'hari, pelo fato de sua genealogia ir ate aos filhos de Its'har, que era tio
do profeta Moshe Rabenu.
Esse
rabino juntamente com toda sua família fugiu da Espanha antes da publicação do
decreto de expulsão dos judeus em 1492. Mas antes disso, como na Espanha, eles
viviam na província ou localidade de "Oliva-Cávia' ', já naquela época
eles eram chamados Olivares ou Olivarez que significaria inicialmente os que
são naturais de Oliva.
Porém cabe
ressaltar que essa família levita se estabeleceu nessa localidade
intencionalmente, por dois motivos, primeiro por ser interiorana e longe dos
grandes centros da Espanha, onde começaram as primeiras matanças de judeus ou
pogrons, promovidos por padres católicos fanáticos das ordens dos dominicanos e
carmelitas, que incitavam a população cristã velha ignorante a matar os judeus
cristãos-novos e os judeus ainda não conversos.
E em
segundo, por causa do nome da localidade, que caso começassem o batismo
forçados de novo, favorecia com que eles se tornassem cripto judeus ou judeus
secretos em um sobrenome que lembrasse e facilitasse mais tarde o resgate de
suas raízes judaicas e a identificação de suas origens. Muitos sobrenomes de
judeus sefardim anussim surgiram assim durante época da Inquisição. E como
ocorreu no caso dos “de Oliveira” que era então conhecido como Olivares?
Ocorreu de
duas formas, primeiro eles aproveitaram o fato de que na palavra oliveira, está
implícito o fonema das letras latinas, cujos sons representavam o som ou fonema
do nome de sua família em hebraico Levy no caso L-V-Y. E isso
lhes passou a mente pelo fato de que nas línguas semíticas como o hebraico, o
aramaico, o árabe e o amarico da Etiópia, não se usarem vogais na forma escrita
dessas línguas e sim somente as consoantes.
Foi devido
a esses mecanismos lingüísticos adotados pelos sefardim e anussim, que muitas
famílias judaicas conseguiram escapar dos ataques da Inquisição até pelo menos
conseguir fugir da Península Ibérica.
Foi dessa
forma, por exemplo, que dentre tantos outros milhares de sobrenomes na língua
hebraica que os judeus com sobrenome Cohen, que significa sacerdote conseguiram
camuflá-lo como Cunha, os Natan e Ben Natan, também de origem levítica se
disfarçaram com o sobrenome Antunes/Antunez, os Ben Moreh que significam filhos
do professor, viraram os Moraes e Moreira, os Ben Menashe ou filhos de Manasses
ou descendentes da tribo e Manasses viraram os Menezes, os Ben Meir, ou filhos
dos iluminados ou dos sábios se disfarçaram com os sobrenomes, Meira/Meireles.
Que os
Fares da tribo de Juda, viraram os Farias, que os Ben Soher, que significa
filho ou descendente de comerciante ou de guardas, virou Soeiro e
Soares/Suarez, que os Ben Nun descendentes de membros da tribo de Efraim se
transformou nos Nunes e Nunez, e foi assim também que os Ben Shimon
descendentes da tribo de Simeão, com seu numeroso ramo na península Ibérica que
incluem até o Ximenes/Ximenez da Galícia, se tornaram os Simões de Portugal.
E que os
Guimarim ou estudantes e interpretes da Guemara, tratado religioso judaico, que
era descendente da tribo de Levi, se transformaram na família Guimarães , e foi
dessa forma ainda que a antiga família Quirós que é também uma família
descendente da tribo de Levy, adotou os sobrenomes Queirós,Queiroz e Queiroga .
E existem
muitos outros casos que abordarei no futuro de forma mais resumida.
A segunda
razão pela qual os Benveniste ou Ha-Levy adotaram o sobrenomes
Olivares/Oliveira, era porque eles também perceberam que como o óleo da santa
unção usado par ungir os antigo levitas e sacerdotes judeus, tinha como seu
principal componente o azeite ou óleo da planta oliveira, que era abundante na
região de Oliva-Cavia.
Isso
reforçaria mais ainda a origem judaica sacerdotal , mas disfarçada de seu
sobrenome diante dos demais judeus que estavam partindo para a diáspora
sefardita , com o decreto de expulsão de 1492.
Já o
emprego do sufixo final ES/EZ presente no sobrenome inicial Olivares, era
devido ao habito dos judeus sefardim e anussim, empregarem-na como uma sigla
adotada pelos judeus cristãos-novos no final de seu sobrenome com duas
finalidades, a primeira identificar de quem a pessoa judia descendia, em
substituição da palavra hebraica ben e do aramaico bar, que significam filho
de.
Essa sigla
EZ/ES significa a expressão hebraica Eretz Yisrael e servia para apontar de que
lugara a pessoa judia era para que os judeus pudessem identificar-se entre si
sem serem notados pelos braços da Inquisição e dessa forma se ajudassem
mutuamente como cripto-judeus, ou judeus secretos.
E como já
expliquei anteriormente em outro texto, ele servia para que todos eles que
tinham ES ou EZ no sobrenome, sendo filhos de... ou descendentes do povo de
Eretz Yisrael, a Terra de Israel, e foi por isso também que os judeus ficaram
em parte conhecidos na época da Inquisição como “a gente da nação”. Ou seja, da
nação judaica.
E essa
Sigla ou fonema ES/EZ que representa a frase Eretz Israel = Terra de Israel,
para designar que a pessoa pertence a uma família de origem judaica ou do povo
de Israel, convertida a força ao catolicismo durante a época da inquisição, é
encontrado com a mesma finalidade tanto nos sobrenomes Perez/Peres/ Pires, como
também para designar, por exemplo, a origem judaica dos sobrenomes de família
de origem hispânico-portuguesa:
Aires/Ayres,
Anes/Annes (forma reduzida de Yohanes/Yochnam/ João), Rodrigues, Rodriguez,
Hernandez/Fernandes, Henriques/ Henriquez, Mendes/ Mendez, Alves/Alvez,
Alvares/Alvarez, Gonçalves/Gonzalez, Martines (de Martins) / Martinez, Galvez/
Galves, Gutierres/Gutierrez, Garcez/ Garcês (que originou o sobrenome Garcia),
Ximenes/Ximenez, Soares/Suarez, Simoes/Simeones, Nunes/Nunez, Lopes/Lopez
Gomes/Gomez, Marques/Marquez, Paes/Paez (variantes do sobrenome Paz), Meireles,
Menezes, Abrantes, Neves, Olivares (que originou Oliveira), Fontes, Bentes,
Tavares, Teles, Torres, Guedes, e assim por diante, são todos estes sobrenomes
de famílias cristas-novas.
Com a lei
que obrigava o batismo forçado em massa de judeus em Portugal, a família,
Olivares/Benveniste /Levy, dividiu-se ao conseguir escapar da Espanha, em três
grupos, com nomes distintos, os "Oliva-Cávia”, que depois viraram os
"Oliver-Cavia”, os "Del Medico”, porque essa profissão era comum
entre eles, e também muito difundida entre os demais judeus, especialmente na
idade média na Península Ibérica.
Posteriormente
na Itália se tornaram os "dal Medigo" e os Olivete, e os Olivares que
ao adentrar em Portugal, trocou o sufixo ES pelo “EIRA”, tornando-se “de
Oliveira”.
Após fugir
da Espanha o Rabi Zerahiá ha-Levi de Gerona, e estabeleceu no sul da sul da
França, de onde seus descendentes, os que se transferiram para a região central
espanhola seguiram para Portugal dando origem aos Oliveira de onde por sua vez
surgiram os seguintes ramos todos aparentados, além dos que mantiveram o
sobrenome Benveniste: 'Oliveira, Oliveyra, Olivares, Olivera, Oliver, Oliveros,
Olivetti, Olivette.
Um segundo
ramo que se dirigiu da França para a Itália e Europa Oriental originaram os já
citados "Del Medico" e "Del Medigo", e ao misturar-se com
os judeus asquenazitas deram origem as famílias levíticas Horovitz, Segal, e
Epstein.
AS
ORIGEM DA FAMÍLIA OLIVEIRA NO BRASIL
Segundo a
historiadora da USP Anita Novinsky – autoridade mundial em Inquisição
Portuguesa - 1 em cada 3 portugueses que chegaram no Brasil nas primeiras
décadas do após o Descobrimento era cristão novo, os Oliveira e seus primos os
Levi ,Levy , Benveniste e Antunes chegaram em grande quantidade se concentrando
principalmente na Região Nordeste.
As
próprias crônicas da época atestam a presença de famílias Levi, Levy e Oliveira
em grande quantidade no Brasil colônia.
Brasões
Sobrenome
português, classificado como sendo um toponímico, ou seja, de origem
geográfica, tomado a alguma propriedade onde se cultivam oliveiras, árvore que
produz a azeitona (oliva). De oliveira, substantivo comum. O sobrenome
identifica esta família devido ao fundador deste tronco familiar possuir uma
vasta plantação do fruto, ou pelas características simbólicas existentes sobre
a árvore, a OLIVEIRA. Nos brasões onde aparece, é o simbolo da paz, de vitória,
de fama e glória imortal. Em português arcaico encontramos o registro de
sobrenomes com variações de sua grafia, como Olveira e Ulveira. Vem esta
família de Pedro de Oliveira, que foi o primeiro com este sobrenome, cujo filho
Martim Pires de Oliveira, arcebispo de Braga, instituiu em 1306 o Morgado de
Oliveira, em seu irmão Mem Pires de Oliveira. Foi seu solar na freguesia de
Santiago de Oliveira, donde esta família tomou o sobrenome, no conselho de
Lanhoso. No tempo de D. Diniz I, rei de Portugal em 1281, já era «família
antiga, ilustre e honrosa», como consta dos livros de inquisições desse rei.
Referências
Oliveira,
Fernando Henrique. Origem do sobrenome Oliveira. MyHeritage 2020.
Disponível em: http://www.myheritage.com.br/site-130182741/site-da-familia-oliveira#. Acessado em 15. Abr. 20.
Inquisição de Lisboa nº
6.515, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, manuscrito. Veja BROMBERG, Raquel
Mizrahi. A Inquisição no Brasil: Um capitão–mór judaisante. São Paulo: Ed.
Centro Estudos Judaicos, USP ,1984.
"Marranos and
the Inquisition on the Gold Route in Minas Gerais, Brazil" in The Jews and
the Expansion of Europa to the West, 1450-1800" New York/Oxford: Bergham
Books, Oxford, 2001, pp. 215-241.
NOVINSKI Anita. Inquisição,
Inventários de Bens Confiscados a Cristãos-Novos no Brasil – século XVIII. Lisboa:
Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1978, pp.223-224.
Novinsky, Anita,
Prisioneiros Brasileiros na Inquisição, Rio de Janeiro: Expressão e Cultura,
2001.
SALVADOR, J. Gonçalves. Os
cristãos-Novos em Minas Gerais durante o Ciclo do Ouro. São Paulo, Pioneira,
1992.
Sobre Manoel Nunes Viana,
veja "o Processo de Miguel de Mendonça Valladolid, Inquisição de Lisboa
9.973". Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, manuscrito e
Manuscritos não catalogados "caixa 676, século XVIII, anos 1703 –1710, 29
janeiro 1710 e caixa 83, ano 1719. Lisboa, Arquivo Histórico e Ultramarino,
manuscritos.
0 comentários:
Postar um comentário